Em Anayr o sol brilhava forte, mesmo naqueles dias considerados escuros para as raças governantes, mas isso não era de grande importância para os Lumar, a raça dominante mais antiga, viva, de todo o mundo. Eram filhos da lua, ou, assim diziam seus sábios. Suas rotinas eram noturnas e o sol pouco era visto pelos olhos avermelhados ou violetas daqueles que possuíam a pele acinzentada. Muitas cidades foram erguidas nas madrugadas de Anayr, pelos Lumar, e uma delas era Dávia, a cidade gelada.
Dávia ficava no extremo sul de Anayr, próxima aos grandes desertos de gelo. Não era um lar de muitas histórias ou uma cidade grandiosa. Apenas uma cidade simples, de casas simples e pessoas simples. Nem mesmo sua força militar ganhava destaque diante das outras Lumarianas. Porém, era sua localização que atraía viajantes do mundo inteiro, até mesmo de outras raças.
A cidade ficava próxima à entrada de Belian, a floresta gélida, uma das maiores do mundo e sem dúvidas a mais misteriosa. Diziam as lendas que era dela que vinha todo o frio do mundo e todo o gelo que banhava aquela região, gelo esse que havia criado os desertos brancos. Os livros mais antigos falavam sobre o coração de Belian, uma joia azul, mais rara que qualquer outra, um espírito de gelo e frio, cristalizado e ativo eternamente. Era por essa joia que muitos visitavam Dávia a caminho de Belian. Nenhum Lumar havia visto aquela joia, mas todos a desejaram.
— Mãe, é verdade isso que dizem? Essa joia existe mesmo? Já que ninguém nunca conseguiu pegar ela, por que dizem que ela existe? — A doce voz de Daviane encantava até o mais selvagem dos ouvidos. Era uma garota simples, como todo o povo de Dávia, mas diferente deles, Daviane desejava sempre saber mais, tinha em si um desejo por conhecimento e um amor pelo misterioso. Completava 95 anos naquele dia (O que era indicava juventude em meio aos Lumarianos) e já havia lido mais de 30 livros que só os velhos liam, livros de conhecimento.
A mãe de Daviane nada disse em resposta à sua filha. Ela sabia que tocar nesse assunto era ruim. Seu marido havia sido um dos que se perderam em Belian em busca de seu coração, e nunca mais voltara, Daviane sabia disso e por isso estudava tanto sobre a floresta. No entanto, dizer à menina que a joia não existia era o mesmo que dizer que seu pai morrera por nada.
— São gananciosos os vivos. Não são todos que se acostumam com a simplicidade que você vê em nosso lar, minha filha. Seu pai foi um desses. Eles sempre fogem para se agarrar a qualquer coisa que lhe dê esperança de mudança. Essa joia existindo ou não, é um ponto criador de esperança para aqueles que pouco tem e muito sonham. Já pensou quanto reconhecimento terá aquele que a possuir? Ou quanto dinheiro lhe darão? Ou quantos títulos receberá de seu rei? — Daviane era atenta às palavras de sua mãe. Ela era sempre cuidadosa, mas nunca lhe faltava com a verdade por trás das linhas que lia.
Quando o sol estava nascendo, e esta era a hora em que os Lumarianos costumavam ir dormir, Daviane teve uma ideia e diferente de sua mãe ela não dormiu. Levantou de sua cama, amarrou seu precioso cabelo escuro, deixou seus olhos violetas olharem por todo o quarto em busca de algo útil a seus próximos passos e reuniu o que tinha encontrado. Com uma bolsa nas costas e uma adaga na cintura a garota, de apenas 95 anos, deixou a cidade a caminho de Belian. Ela precisava buscar com seus próprios olhos o que nenhum dos Lumar havia encontrado. Ela não sentiu medo, arrependimento ou mesmo chegou a pensar em desistir ao longo do caminho. Daviane era, sem dúvidas, dotada de algum dom que sempre a fazia seguir em frente.
No caminho até Belian cantarolou as músicas que sua mãe lhe ensinara uns anos antes, músicas sobre o passado das terras de Anayr, sobre as florestas dos Venar, filhos da natureza. Venair era o nome desse lar de Árvores coloridas e natureza forte. Cantou também sobre a invasão dos Numari, os povos do mar que de longe vieram em embarcações e, com seus três olhos, olharam para os Lumar com ódio e nunca fizeram amizade. Finalizou seus cânticos quando chegou, com muito frio, até a entrada de Belian, quando ela cantou o último verso sobre as florestas luminosas do norte, lar de muita luz, onde durante a noite as árvores brilhavam como estrelas e durante o dia abrigava feras noturnas.
— Olá grande Belian, eu vim conquistar seu coração. — Disse ela, parando, colocando sua bolsa no chão e tirando dela uma manta grossa que sua mãe lhe dera para usar nos dias mais frios enquanto dormia. Cobriu-se e voltou a pôr a bolsa nas costas. Os próximos passos de Daviane poderiam ser os últimos e foi nesse momento, e só nesse momento, que ela olhou para trás e viu a imensidão que havia andado. Viu suas pegadas se desfazendo com o vento e sentiu na pele o sol que poucos Lumar gostavam de sentir. Imaginou que seu pai havia feito esse mesmo caminho.
Os primeiros momentos na floresta não foram assim tão assustadores como Daviane imaginava. No entanto, foi quando a fome e a sede lhe atingiram que ela sentiu que poderia não sair mais dali. A comida que ela havia trazido era pouca, a água havia congelado pouco antes de entrar ali e não havia frutas naquelas árvores gigantescas e esbranquiçadas.
Ela parou ao pé de uma das árvores, encostou-se em sua raiz e abriu a bolsa mais uma vez. Precisava comer pelo menos uma das três últimas frutas. Foi então que o primeiro perigo se apresentou para a menina, aves do gelo, conhecidas pelos Lumar como Belinares. Pelo menos cinco aves de Belian pousaram na árvore em que Daviane havia se encostado e agora estavam atentas, vigiando-a comer. Daviane sem pensar duas vezes, sacou sua única arma, uma adaga, e ficou com ela em mãos.
Após comer e descansar um pouco a garota se pôs a andar novamente. As Belinares ainda a seguiam e ela não havia voltado a guardar sua adaga. As aves eram brancas e brilhosas, e seu bater de asas derrubava flocos de neve, diziam que seus bicos eram tão fortes que perfuravam ossos com facilidade. Seu tamanho variava de 80 centímetros a 1,10 metro e dez, de uma ponta da asa a outra. Eram elas que beneficiavam-se com os corpos daqueles que se perdiam na floresta. Provavelmente aquelas aves a perseguiriam até verem ela dormir ou cair morta por algum canto e, então, iriam se deliciar de sua carne.
O primeiro susto que Daviane teve veio no momento em que pensou em dormir. Ela havia encontrado uma caverna, bem, não era tecnicamente uma caverna, mas um buraco em uma árvore capaz de abrigar uma ou duas pessoas. Entrou ali e o que encontrou foi um corpo, estava podre, porém não fedia. O gelo que o cobria havia lhe arrancado essa característica triste. Ele não tinha nada que se pudesse aproveitar. Estaria ali a quanto tempo? Ela se perguntou se seria seu pai. Ela duvidava muito, sua mãe dizia que seu pai sempre andava com uma ou duas espadas na cintura e aquele não tinha nada além de facas cegas e pequenas, mas sim, era um Lumar.
Atirou o corpo para fora da “caverna” e deixou que os Belinares devorassem ele, perfurando a crosta de gelo que cobria o corpo gelado e podre e mordiscando a sua carne fria. Ela arrastou neve para a frente da entrada e fez uma tampa com o gelo amontoado e lá dentro ela adormeceu. Que aquele havia sido o pior dos sonos de sua vida não havia dúvidas, o mais frio também, e ela acordava a cada minuto com medo da tampa de gelo se desfazer e os Belinares entrarem ali.
Ao acordar, Daviane sentia fome e sede como nunca, e já pensava em desistir e voltar para casa, mas a pergunta que lhe assombrava era “Eu sei voltar? ” Ela não havia marcado o caminho e suas pegadas já haviam desaparecido, junto com os Belinares, que agora já não estavam mais ali. Somente ossos restaram do corpo do pobre Lumar que encontrara. O desespero e o medo cresciam lentamente no coração de Daviane. Ela precisava logo encontrar a joia, o coração de Belian, ou morreria ali, como aquele Lumar, como seu pai. Ela se pôs, então, a andar mais depressa, mal sabia ela que andar devagar era uma opção ainda melhor, pois pouparia suas energias finais. Andando depressa ela tropeçou em pontos e um deles era uma raiz. Caiu, ferindo seu braço e sua testa. Sem dúvidas ela não estava com sorte, após algum tempo ela largou a bolsa em um canto qualquer para que pudesse andar mais rápido ainda, sua esperança estava em encontrar a poderosa e mágica joia e ela lhe tiraria dali, seja lá como a mente de uma criança imaginava que fosse seu funcionamento para tal função.
Foi quando não tinha mais forças para andar, gritar e nem mesmo para se rastejar, que Daviane desistiu, agarrou-se a uma árvore gigante e tentou cavar seu tronco para fazer mais uma “caverna”, agora ela entendia como o Lumar que encontrara havia morrido. Agora ela sentia medo, estava arrependida e sem dúvidas não tinha mais coragem de prosseguir, seria melhor morrer ali, de fome e sede do que destroçada por seja lá qual fossem as feras que pudessem estar de olho nela desde que entrara ali, pois ela sabia que não estava só, e isso já havia muito tempo.
Daviane desistiu até mesmo de cavar o tronco quando percebeu que era loucura fazer aquilo com as mãos. Olhou a copa das árvores e sorriu, ela havia chegado tão longe e feito tanto, mesmo sendo só uma garotinha de 95 anos, estava orgulhosa de si mesma e sabia que se sua mãe a visse assim também ficaria orgulhosa, ou quem sabe só lhe desse um dos seus maiores sermões.
— Eu desisto, Belian. Pode me levar para onde levou meu pai e todos os outros Lumares que entraram aqui, guerreiros fortes e nobres, gananciosos e viajantes. — Foram as suas últimas palavras antes de sentir o frio crescer exponencialmente.
Os passos dele eram os causadores do crescimento do frio, sua aproximação, seu brilho, sua existência. Venar de gelo, Belian, Daviane foi a única entre os Lumar que viu este espírito de muita luz, ele se aproximou dela e a viu morrendo, mas diferente de todos os outros que antes andaram e morreram por ali, ela era uma garota, uma fêmea de sua raça, e pura, pois em seus 95 anos mal sabia o verdadeiro significado de viver a vida, não conhecia o amor ou o terror, e os piores momentos dela haviam sidos resumidos em dormir com muito frio e medo. Um Venar não poderia deixar que ela morresse ali.
Os Venar foram os primeiros em Anayr, a primeira raça no mundo, os verdadeiros filhos da natureza, eram senhores da floresta Venair, a floresta que cobria o mundo, e guardaram ela até o seu cair no alvorecer da raça dos Numari, no alvorecer da raça dos Lumar, quando muitas regiões morreram e somente uma restou, hoje no Leste. Haviam antes Venares para todas as coisas e a natureza deu a eles a tarefa de fazer do mundo o que ele era, desde o fogo ao ar, até as rochas e a água, desde as nuvens até a espuma do mar, desde a vida até a morte, do gelo aos minérios, das folhas até os animais. Deles os Lumar conheciam bem mais as músicas do que a presença.
Os olhos de Daviane se fecharam ao ver o seu salvador, pois ela sentiu paz em seu frio e calma em seu toque gelado, era luz sem rosto, e voz sem fala, ele dizia para ela ter calma e aquilo a deixou como ele desejava. Daviane acordou deitada na entrada da floresta, com sua bolsa, coberta com sua manta e sem fome ou sede, somente os ferimentos no braço e na testa estavam lá como lembrança, o sol estava se pondo no horizonte e chegando até ela, de longe, vinham cavaleiros Lumar em cavalos negros e fortes, eles a buscavam em nome de sua mãe, e quando a encontraram ela lhes contou a história de sua viagem, mas ninguém acreditou, pois ela era jovem demais para ter feito tanto, ainda mais pelo fato dela ter saído de casa a nada mais nada menos que 12 horas.
Ela se sentiu confusa e descrente até mesmo de si, porém entregou a culpa de tudo aquilo ao Venar que a havia salvo. E agora ela era não somente a única dos Lumar a ver um Venar, mas também a única das Lumar a entrar na floresta gélida. a sair de lá viva e a saber da verdade por trás da floresta: não havia joia mágica ou seja lá o que atraísse os Lumar e outras raças até lá, o que havia na verdade era um Venar triste e solitário, o único dos domínios de gelo. No fim, seu pai havia mesmo morrido por nada.
Conheça Kael Angeli
David Stéfano, é parnaibano residente em Teresina-PI, é um escritor de 22 anos que foca sua escrita em fantasia, poesia e ficção científica. Kael Angeli é o pseudônimo adotado pelo autor para suas obras.
O que te atraiu pro mundo da literatura?
Em 2010, eu fui a uma festa de um amigo muito importante pra mim. Ficava em um sítio, na beira de um rio e no interior do estado onde moro, o Piauí. Durante a festa, nadamos, eu voltei, ele não.
No ano seguinte eu me afundei em depressão, e a única coisa que eu conseguia pensar era no quanto eu queria ter meu amigo de volta. Mas não podia. Não poder consome as pessoas sabe? Isso é sufocante.
Em 2012 meus pais decidiram que iríamos morar em Teresina, a capital. Até então minha casa era no litoral, Parnaíba. Foi nesse ano que comecei a desenhar. Eu precisava me distrair, me ocupar. Tinha perdido em uma única noite, com a mudança de cidade, todos os meus amigos. E eu estava mesmo muito mal.
Desenhar era bom, mas eu não fui muito bem com isso na época, então decidi que escrever seria melhor. Era mais fácil descrever minha imaginação do que desenhar ela. E assim eu comecei, aos 14 anos.
E como veio parar no mundo da fantasia? Quais referências te levaram a escrever fantasia?
Desde criança, sonho com mundos de fantasia, florestas encantadas e reinos perdidos. J.K Rowling e Rick Riordan me deram um norte em minhas primeiras leituras. Depois eu conheci escritores brasileiros que me animaram e conversaram comigo, Raphael Dracco e Eduardo Spohr, principalmente. Então, com base nas dicas deles eu voltei no tempo para enxergar as origens do que eu amava: A fantasia.
Estudei a fundo Tolkien, C.S Lewis e Isaac Asimov, da ficção científica. Além deles também estudei um pouco de Lovecraft e Franz Kafka que me impressionavam pela forma de organizar o enredo. Além destes, Patrick Rothfuss e Stephen King, pela maneira de conseguir traduzir sentimentos em palavras que não o próprio nome do sentimento.
Nos conta um pouco da sua produção literária, desde esse momento?
Comecei com um livro sobre semideuses. Era inicialmente uma fanfic de Percy Jackson. Depois abandonei a história sem um fim, em alguma plataforma online. Talvez tenha sido o Spirit.
Segui, em 2013, escrevendo algo que deve ser incomum pra vocês, roteiro de quadrinhos. Escrevi A lenda dos Três, que era uma fantasia moderna com anjos e demônios, um quadrinho sobre robôs e um sobre dragões. A maioria foi desenhada por um amigo meu. Depois ele teve de parar e eu parei junto. Em 2014 voltei para os livros.
Escrevi cinco vezes "Cristais de Atlântida", um livro que considero minha Magnus, mas que nunca publiquei. Atualmente estou reescrevendo ele. Escrevi vários contos de ficção científica. A maioria sobre personagens em depressão indo parar em outras dimensões.
Em 2016 eu dei uma pausa curta e voltei para os contos de ficção científica e um livro sobre magia no mundo atual, que se passa na Itália: "Despertar Arcano". Estava no wattpad, mas retirei após algumas confusões. Ele, eu escrevo com coautoria de uma amiga do Rio. Fiquei nele até 2018. E, em 2018 parei, após escrever dez contos de Anayr.
Você pode contar um pouco mais sobre os contos de Anayr? Seu processo de pesquisa e criação?
Provavelmente os contos de Anayr são minha criação mais bizarra. Diria que é um conjunto de memórias do que eu nunca vivi ou vou viver, mas que sinto em mim, como se eu já tivesse vivido. São memorias falsas e que vem como se fossem estalos.
Eu estava deitado na mesma cama em que estou agora em 2018, quando de repente, enquanto lia Lovecraft, pensei: "Por que não criar um conjunto de contos interligados?" e as ideias foram vindo.
Qual foi o maior desafio neste livro?
Retratar a realidade em um mundo de fantasia foi o primeiro desafio. Guerreiros de um mundo fantástico também sentem medo. Eles se apaixonam e se machucam quando não são correspondidos. Eles se perdem em si e entram em depressão quando passam por grandes traumas. Retratar isso foi a primeira meta, mas eu não tinha nem um mundo, nem um enredo. Só uma ideia e alguns personagens.
Então criei lugares, mágicos, fantásticos, e coloquei meus personagens lá. Escrevi mais de dez contos de três mil palavras em menos de uma semana. Estava me sentindo o máximo, postei alguns no Instagram (que apaguei semanas depois) pensei em publicar algo na Amazon. Então, em julho de 2018 eu tive a ideia de tentar detalhar mais Anayr, dar mais vida a ela, dar mais cor a lugares, personagens e situações. Surgiu "Contos de Anayr: o deserto", e em uma semana escrevi, revisei, editei, fiz uma capa no photoshop e publiquei. Um dos maiores erros da minha vida. Foi aí que parei de escrever. Deste dia até janeiro desse ano.
Por que parou de escrever?
Por que parei de escrever? Eu tinha uma ideia sobre Anayr e achava ela o máximo. Quando publiquei e ela não fez sucesso me achei um fracasso. Não olhei para meus erros, não corrigi eles, eu simplesmente desisti. Então de lá pra cá, duas ou três vezes na semana, eu olhava para esse e-book na Amazon, com quase nada de vendas, nenhuma avaliação, comentário e pensei "Eu errei, vamos lá ajeitar isso".
E como reinventou a história?
Eu fiz coisas novas, estudei coisas novas. Anayr me chamou de volta e eu voltei. E agora estou com mais contos estruturados, novos personagens e novos lugares. Criei um mundo belo, dei a ele uma história, um passado e uma possibilidade de futuro. Mudei demais, mas a essência está lá.
Quais elementos e temáticas você gosta de trabalhar dentro das narrativas que cria?
Amizade, dor psicológica, romance, robôs como seres conscientes da vida, aventuras épicas, etc. Eu amo o fato de um mundo ter um contexto, um passado e um futuro que o define quanto ao mundo. Mas tenho dificuldade em mover meus personagens para realizar cada detalhe do que penso. Tenho me corrigido.
Qual foi o seu maior momento de evolução enquanto contador de historias?
Sinceramente, ainda me considero raso e apressado como contador de histórias, mas se tivesse que escolher um ponto alto em minha carreira, diria que estou vivendo ele agora. Tenho atuado como roteirista do game de terror "Asleep", onde estou responsável pelas tramas que permeiam alguns dos personagens intrigantes. Também estou relançando contos de Anayr. E, tem muito mais vindo, então, estou feliz.
Existem técnicas narrativas que você aprendeu e utiliza nas histórias?
Aprendi muito com um curso de criação literária do Renato Modesto. Recomendo aliás. A estrutura do enredo, a criação de personagens e a elaboração de diálogos, tudo foi bem estudado e analisado.
Pesquisei algumas coisas da Idade Média. Itens, armaduras, florestas, coisas assim. Algo que me ajudasse a tornar Anayr mais palpável mesmo com toda a fantasia do mundo. Esse é o segredo de uma boa fantasia. Torne ela palpável, inserindo a realidade dentro de um contexto fantástico. Todo mundo consegue se encontrar em Anayr.
Se um escritor iniciante te perguntasse sobre o que esperar da carreira e como lidar com o que está por vir, como você responderia?
- Torne sagrado seu momento de escrita.
- Nunca abandone uma ideia. Ela não é ruim, só não está completa e é seu dever completá-la.
- Sempre ande com um bloco de notas. As melhores ideias surgem em momentos de paz.
- Jamais desista dos seus sonhos. Tenha seus momentos de descanso: jogue conversa fora, saia com seus amigos, tenha um segundo plano, mas não esqueça dos seus sonhos, são eles que fazem de você quem você é!
- Não espere o melhor, esteja sempre preparado para o pior, mas sempre seja sua versão mais aprimorada.
Entrevista: Filipo Brazilliano
Edição e revisão: Elisa Fonseca
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