Hoje aqui, sentando na varanda, acendo um cigarro e observo esse céu celeste com todas suas divindades que estão a me ver aqui em baixo. Seres tão puros que acalmam a tempestade que habita a minha alma. Me fazem pensar e refletir em todos os meus vizinhos.
A cada dia, novos residentes aparecem. Alguns com a vivência de um ancião, outros com a das malandragens da vida e uns são sementes sem experiência alguma. Muitos chegam pra suas enormes moradas, que aos pés das outras são enormes palacetes, com seus familiares esperando de braços abertos a sua chegada. Outros jogados em minúsculas quitinetes, sem parentes ou amigos, vão viver sozinhos até que um novo residente chegue para ocupar a sua morada.
Certos moradores já são velhos conhecidos e contam aos recém-chegados seu passado de glória, sobre os luxuosos bailes da elite. Contam tudo como se aquilo mostrasse seu poder e importância sobre os demais. Os residentes, em suas varandas, esperam a visita dos seus entes queridos que já bateram as asas e os viventes raramente lhe fazem a tão esperada visita. Ainda têm os que se acham rebeldes e sentem que ainda não pertencem àquele lugar. São os jovens, sempre brigando, xingando e achando que são os donos da razão.
Passam-se horas, dias, anos e sempre abrem mais vagas pra os novos inquilinos desse imenso condomínio. Entre tantos vais e vens, com a chegada de alguns, outros são expulsos de suas quitinetes, jogados numa terrível vala, em bolsas plásticas, junto de diversos corpos, tendo sua cabeça violada, destroçada por uma simples pá. Pensam em gritar, em reagir por essa infâmia de ser desmontado por um simples objeto, mas já se tornaram fumaça dissipada no ar. E assim outra vez, os portões do condomínio se abrem pra o novo morador.
És o que fomos, serás o que somos.
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