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Fundo do poço, de Joana Ferrarini

Atualizado: 19 de ago. de 2021

"Não existe fundo do poço e muito menos trampolim que encurte o retorno à superfície. Quando estamos no que achamos que seja o fundo do poço só temos duas opções: ou cavamos o chão para se enterrar ainda mais ou escalamos de volta à unha. Nós vamos retornar à superfície à custa do nosso próprio esforço."

Fundo do Poço” é um romance da autora Joana Ferrarini. Sua primeira edição foi lançada no mês de Outubro de 2020, pela editora Souza e Cruz. A obra contém vinte e dois capítulos e trezentas e oitenta e duas páginas.


A narrativa conta a história de Bárbara, ou Barbie como é tratada pelos familiares e amigos, uma jovem com baixa autoestima e falta de amor próprio. Formou-se em Direito, mas não podia dizer que era advogada pois nunca conseguiu passar no Exame da Ordem, o que era um dos seus maiores desgostos e, provavelmente, a maior vergonha dos seus vinte e seis anos de vida. A jovem trabalha num escritório de advogados, mas a sua tarefa não desperta grande orgulho. Ela apenas tenta acalmar clientes inconformados, aqueles que tinham perdido as causas.


Certo dia, ela é chamada pelo chefe a ir para a 7ª DP acompanhar uma investigação. O acusado é neto de um amigo dele da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de Erick Oliveira, por quem Barbie se apaixona à primeira vista. Um amor que a levaria ao “Fundo do Poço”. Erick é totalmente diferente de Barbie: Rebelde e autoconfiante, mas, acima de tudo, é de classe social superior à dela. Erick é diretor executivo da empresa Oliveira’s Meat. Duas pessoas de mundos diferentes que se encontram e permanecem unidas, pois Barbie embarca nas aventuras perigosas criadas por Erick. O ricaço ganha a vida furtando obras de arte, ao lado da sua quadrilha.


Barbie, até certo ponto, não acredita que poderá despertar interesse em Erick. Ele pode ter qualquer mulher que desejar, mas tudo muda quando conhece Marcelo Pigozzo, um delegado federal de São Paulo. O personagem fica interessado na beleza de Barbie e um triângulo amoroso é criado. Barbie começa a sentir-se desejada e a vida da protagonista muda... No entanto, o enredo faz jus ao título.


O livro é um romance dramático, com alguns capítulos um pouco mais eróticos. Indico para maiores de dezoito anos.


Se procura um livro que retrate triângulos amorosos, falta (ou excesso) de autoestima, mas, acima de tudo, se deseja conhecer mais sobre obras de arte e telas de artistas famosos, como Caravaggio, “Fundo do Poço” é uma boa opção.


A autora Joana Ferrarini é, também, escritora e poeta, advogada, trazendo assuntos elucidativos sobre Direito à obra, igualmente apaixonada por história da arte, o que vai de encontro ao enredo do livro. A obra “Fundo do Poço” é uma leitura prazerosa e muito interessante.

Conheça Joana Ferrarini


Joana é autora, escritora e poeta ítalo-brasileira. Desde criança sempre teve amor por ler, escrever e sustenta essa paixão até hoje. Embora tenha se formado em Direito e advogado por vários anos, manteve a produção literária entre suas ocupações e hobbies. Em suas produções ficcionais, Joana explora a sua origem italiana e seu grande amor pela história da arte. Amante de viagens, ela traz para dentro de seus livros os lugares que visitou, conheceu e amou, como o Egito, Grécia, Turquia, França, Itália e tantos outros.




Desde quando você tem uma relação com a literatura?


Desde que aprendi, nunca mais parei de escrever. Quando tinha algum trabalho na escola, que eu pudesse praticar de alguma forma, eu sempre tomava a frente para fazer, não importava se era teatro, redação, debates.


Na faculdade cheguei a reunir as minhas poesias em um livro, que está armazenado no Wattpad, porque ainda não tive coragem de organizar de forma coesa e mostrar ao público.

Mas foi na faculdade, também, que fiquei insegura sobre se conseguiria me sustentar com a escrita. No meu tempo não haviam tantas opções para se lançar livros como hoje em dia. Não conseguia me enxergar como escritora profissional, porém, essa vontade e necessidade de escrever jamais desapareceu. A produção de Fundo do poço só foi possível depois que parei de advogar e tive meu filho.


Como foi sua experiência literária durante a faculdade?


Eu já estava escrevendo profissionalmente na faculdade, mas eram somente artigos jurídicos. Procurava por revistas especializadas para publicar.


Comecei fazendo blogs para ter um suporte de conhecimento técnico e atualizado sobre o mercado atual. Atualmente, ainda estou ativa no Joanaferrarini.com.br Depois de estudar melhor as áreas e as possibilidades de escrita que eu decidi escrever um livro. E foi somente com o livro Fundo do Poço que passei a ver a escrita de forma profissional, porque mesmo no livro de poemas, eu via a escrita como um hobby.

Demorei muito para ter redes sociais no meu nome e para divulgar. Acreditava que teria uma recepção muito negativa das pessoas mais próximas, mas tive boas surpresas nesse quesito.


De que forma seus blogs influenciaram na escrita de seu livro?


Com eles, eu treinei para escrever para todos os tipos de público. Conheci muita gente, Recebi a ajuda de muita gente. Foi um aprendizado muito grande, porque encontrei pessoas com o pensamento semelhante. O blog foi um primeiro passo pra tudo. Me deu coragem para escrever para o público e não para mim mesma. Eu encaro dessa maneira.


Pode falar um pouco sobre essas pessoas que foram importantes para o lançamento de seu livro?


A grande maioria das pessoas que passam pela “Hora do romance”(coluna dedicada ao lançamento de autores independentes) vira amigo pessoal mesmo. A @vitoriaferreiraescritora, primeira autora que eu publiquei na Hora do romance, foi uma pessoa muito importante porque ela incentivou bastante a divulgação do meu livro para as pessoas próximas, o que era um bloqueio meu. @margaretebretone me deu apoio técnico em momentos fundamentais para a publicação, quanto a diagramação, manejamento do kindle. Se não fosse ela, acredito que o livro não teria saído. Outra autora foi Kelly Mendes, ela é fundamental na minha vida, sempre me ajuda com dicas de escrita, revisão e etc. Muitas outras pessoas foram importantes nesse processo, mas acredito que essas sejam as principais.


Quais foram suas inspirações na hora de escrever Fundo do poço?


Não é um livro inspirado em fatos reais, só que alguns elementos me fizeram pensar a história. A primeira inspiração veio quando eu tive de trabalhar em um estágio obrigatório da faculdade. Teve um dia que eu precisava ir na delegacia, vi uma quadrilha de pessoas muito simples de Salvador, o chefe da quadrilha era um cara jovem e bonito do Rio de Janeiro. Enquanto ele era abordado, dizia que era muito rico e que haveria uma advogada para defendê-lo logo em seguida. Realmente, uma jovem advogada surgiu em pouco tempo. Depois disso eu não soube mais nada desse caso. Outras inspirações vieram do meu tempo na faculdade e no tempo da área jurídica.


Como foi a produção de Fundo do poço?


Foi um processo difícil e libertador. A história de Fundo do Poço estava em minha cabeça há muitos anos. Tiveram alguns momentos que eu me sentava para escrever, mas após alguns capítulos, logo desistia. Quando eu decidi mesmo contar a história, foi questão de um mês, porque simplesmente fluia. Tiveram dias que eu conseguia escrever quase 8.000 palavras. A revisão durou bem mais tempo do que a escrita do livro em si.


Por que a escolha desse título? O que representa o fundo do poço?


A protagonista, logo no início do livro, já estava mal e pensava estar no fundo do poço. À medida que o livro continua, eu quis passar que o fundo do poço não existe. Se ela, a personagem, se deixar levar, ela irá afundar cada vez mais. Então, se a situação em que a pessoa se encontra está ruim, ela precisa sair dali a força, com garra.


Quando você viu que o livro finalmente sairia, qual foi a sensação?


Foi um misto de ansiedade, porque eu não tinha ideia de como o livro seria recebido. E foi uma realização muito grande, porque eu estava ali, finalmente chegando no meu ponto de partida. No momento que eu começaria a ser lida, o que é uma vontade muito grande como escritora.



Resenha por Diana Pinto

Edição por Elisa Fonseca

Revisão por Nox Santos

Entrevista por Filipo Brazilliano


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