Abidemi, uma caçadora de recompensas, encontrou um tesouro que lhe renderá créditos espaciais por toda a sua vida. Entretanto, ela não é a única interessada nele. Fugindo da Patrulha Galáctica pelos confins da Zona Morta da galáxia, Abdemi precisará lutar (e muito) para manter sua passagem para um futuro tranquilo em sua posse. Custe o que custar.
Satélite 616 é um conto de ficção científica do autor J.V. Teixeira. Através de 36 páginas de uma fuga acelerada pelos confins do universo. Nele acompanhamos a forte e pragmática Abidemi e seu companheiro sarcástico e existencialista, JetF0, vasculhando a Zona Morta da galáxia wpor tesouros ou qualquer coisa que ajude a comprar o próximo almoço. Em contrapartida, somos apresentados também à Patrulha Galáctica: heróis que lutam em nome da justiça. E do governo. Ambos os grupos têm um interesse em comum: o Satélite 616 e o que o guarda.
J.V. Teixeira trabalha muito bem com a ficção científica: Vemos um universo coeso e tecnológico. Exoesqueletos de combate, blasters, naves espaciais, inteligências artificiais… Tudo para uma boa história Sci-fi. Além disso, há um uso criativo dessas tecnologias, principalmente nos eletrizantes combates. Cada personagem possui seu próprio estilo de luta, o que torna as cenas de ação inovadoras. Outro fator importante, é o uso de estratégias mentais por parte dos personagens. A inteligência pode ser uma arma tão mortal quanto uma armadura cibernética.
Mas há um ponto específico desse conto que chamou muito a minha atenção: a homenagem à cultura e entretenimento japonês, os tokusatsus.
Por fim, vemos referências também a Megaman e Akira, outras obras japonesas que marcaram a história do entretenimento, dentro e fora do Japão.
Satélite 616 é um conto de leitura rápida e com ação intensa. Uma obra para jovens e adultos amantes da ficção científica, fantasia e cultura japonesa. Se você assistiu Power Rangers na sua infância, vai adorar esse conto. Diversão garantida!
Conheça J.V. Teixeira
João Victor Teixeira é um escritor carioca e também atua como professor de Matemática. Assina suas obras como J.V. Teixeira, procurando um diferencial, morador da zona oeste do Rio de Janeiro, no qual também se inspira e busca contar as histórias de onde vive.
Como foi seu primeiro contato com a literatura?
Comecei a ler quadrinhos nos primeiros anos escolares, pois havia uma gibiteca na minha sala de aula, e até lembro da primeira coisa que li e que despertou minha imaginação: As 1001 horas de Asterix, porque misturava várias culturas como a galesa, romana, árabe e eu fiquei fascinado com todas aquelas possibilidades.
Quando O Senhor dos Anéis e Harry Potter foram lançados no cinema acabei comprando “O Hobbit'', de J. R. R. Tolkien, e Harry Potter e a Câmara Secreta da J. K. Rowling. Foi por conta dessas duas obras que me apaixonei pelo mundo fantástico da leitura, a partir daí também comecei a rascunhar fanfics das histórias que consumia sem levar tão a sério.
Foi durante a faculdade que me senti corajoso o suficiente para mostrar minha escrita para os amigos, na época escrevia comédia, imprimia e apresentava a eles, que me incentivaram a publicar. Sem conhecer outros caminhos senão o tradicional, decidi montar um blog para publicar minhas histórias, que infelizmente precisei encerrar quatro anos depois devido a correria da faculdade e do trabalho.
Em 2017 eu obtive uma vontade de voltar com tudo, pois, juntou o fato ter descoberto um leitor de fora do meu círculo social interessado e requerendo continuações das minhas histórias no blog, e também ter conhecido diversos autores nacionais numa bienal do RJ, onde pude ver que não estava só e isso me deu mais gás ainda.
Foi ainda na bienal que um autor independente me explicou sobre processos de auto-publicação. Eu não tinha ideia de que aquilo era possível, achava que o único caminho era tradicional, então é óbvio que fiquei instigado, decidi trilhar o mesmo trajeto, e naquela mesma época comecei a colocar no papel “Uma noite em New River.” Infelizmente, tive uma péssima experiência ao publicar pela primeira vez essa história, pois não tinha muita informação, porém depois disso aprendi, fui atrás de pesquisar mais, ouvi podcast, assisti canais no youtube, li bastante, fiz amizades com quem entende e já passou pelo processo da autopublicação, e hoje minha experiência melhorou consideravelmente.
Pode nos falar um pouco sobre seus livros publicados?
O primeiro conto que publiquei na Amazon foi “Uma noite em New River”, onde eu queria produzir com uma pegada mais Asimov. Tentei sair dos Estados Unidos e imaginar um Rio de Janeiro futurista. Trazer mais para nossa realidade.
"Quatro Mulheres na lua cheia", é uma investigação sobrenatural com elementos do nosso folclore. Tem pessoas que dizem que é terror. Eu preciso dizer que algumas coisas que escrevo são simplesmente formas de “botar para fora”, pois eu era muito fã da série televisiva “Sítio do Picapau Amarelo” quando era criança. Eu sempre me questionei como seriam as personagens quando crescessem. Peguei muita coisa que vivi em Minas Gerais, tipo, casos que as pessoas juravam de pés juntos que tinham visto coisas. Então essa história tem uma pitada de "Hellboy" e "Constantine", quadrinhos da Vertigo, que me inspiraram a escrever esse conto. Pois em Quatro mulheres na lua cheia o sobrenatural existe e é naturalizado pelos personagens. Sempre achei que ninguém fosse gostar, porque é algo tão pessoal para mim, mas até hoje é um dos contos que as pessoas mais gostam.
"Satélite 616" na verdade é um erro que deu muito certo, pois eu queria escrever um conto meio melancólico, que refletisse sobre a vida e acabou se tornando essa ação no melhor estilo Dragon Ball Z, com bastante sci-fi e Tokusatsu.
"Gigantes, Heróis e Rex" é um conto de aventura com heróis reclamões e estressados. Segue a linha fantasia medieval, algo bem padrão das narrativas de RPG mesmo.
"1940: amores de um carnaval sangrento", acontece no mesmo universo de 4 mulheres na lua cheia. Muita gente me pedia mais um conto do Pedro, que é o protagonista. Eu escrevi esse conto só que agora com a Avó dele. Baseado nas histórias da minha própria avó.
"Desgarrados" é um livro de fantasia onde misturei tudo que gosto em histórias: samurais, cowboys e capa & espada, criei essa história com três personagens representando cada elemento. Basicamente um liquidificador de referência, então tudo que escrevo eu pego um pouco de cada coisa daquilo que consumo e crio algo novo, inédito.
Quais as principais demandas que você percebe no mundo literário?
Eu percebo que o mundo da escrita é concentrado no eixo sul-sudeste, mas o problema é que até dentro disso tem nicho, porque eu não vejo muitas produções feitas pela periferia. Muitas coisas acontecem e ninguém fica sabendo. Então resolvi contar essas histórias invisibilizadas.
Tem uma cena que acontecia no bar e a revisora da história me perguntou se eu não achava que as personagens naquele contexto não estavam inverossímeis, tive de replicar que ela só falou aquilo, porque não morava na zona oeste. Entende?
Tem muita coisa que a gente não sabe e nem conhece do nosso próprio país, eu falo de regionalidades e particularidades de cada lugar, que não devem ser esquecidas ou ignoradas. Porque todo mundo quer se identificar com as histórias.
A nossa escrita é feita de vivências, pode ser de histórias inventadas ou ouvidas de terceiros, que você tenha lido de outros autores, mas um recado que eu posso mandar aqui é: acredite, todo mundo tem histórias para contar e elas podem surtir bons efeitos em alguém sem que você saiba disso. Já aconteceu comigo. Ah, escrevi uma vez sobre preconceito se passando num mundo medieval. O personagem que criei era um orc sofrendo preconceito e eu coloquei experiências que eu mesmo passei. Você tem infinidades de histórias para botar pra fora também.
O que pensa sobre os rumos atuais da literatura nacional?
Eu tenho essa percepção de que muitos leitores buscam histórias com brasilidade, vejo que é uma tendência da atualidade. Quando eu comecei nessa busca de literatura nacional era muita gente querendo fazer algo que já tinha lá fora. Querendo manter o que já era conhecido. Eu percebo que isso mudou totalmente, a cena do quadrinho está bem mudada nesse sentido também. Frequento bastante eventos de HQ para conversar com as pessoas, para se aproximar mais dos artistas, para conhecer o processo de concepção e criação, daí vejo bastante disso.
Eu vi muita influência oriental em suas obras e alguma influência de quadrinhos. Pode me falar um pouco sobre a conexão desses dois aspectos com a sua literatura?
Essa influência tem um motivo simples: comecei a ler quando moleque, desde que peguei Asterix para ler. Eu devia ter uns 7-8 anos, por aí, gostei muito da historia em quadrinho e desenvolvi gosto pela leitura. A diferença de preço de HQ para livro era muito grande, mas conseguia comprar HQ por centavos, por frequentar sebos, enquanto livro novo era caro para a realidade de uma criança, acabei desenvolvendo gosto pelos quadrinhos por conta disso. Quando chegou os anos 2000 e começaram a sair mangás no Brasil, eu lembro que o "Dragon Ball" era 3,50 e o "Samurai X" era 2,90. Eram muitas páginas que vinham por edição a um preço baixo, que eu conseguia comprar com troco de merenda de escola, acabei sendo bem influenciado por mangás e quadrinhos. Até hoje eu leio e acaba me influenciando por conta do consumo mesmo, as narrativas fazem parte do modo com que eu preparo minhas histórias.
E compondo essa resposta, eu até lembrei do comentário de um leitor meu, que leu o “Desgarrados”, ele disse que sentiu como se estivesse assistindo a um anime, então acho que fica até claro essa influência e acabo passando para a minha escrita.
Você gosta muito de fantasia e minha pergunta é relacionada às suas leituras, Você lê autores nacionais de fantasia? Quais recomenda?
Em relação a autores de fantasia, eu leio e conheço muito autor por conta de Tormenta, pois apesar de não ter tanto tempo disponível, eu sempre joguei RPG e quando começaram a sair os romances de Tormenta, comecei a ler. Eram os únicos romances nacionais que eu conhecia. O primeiro romance de Tormenta que eu li foi 2007-2008. Então por isso eu tive contato com Leonel Caldela, um autor que eu gosto muito, tudo que ele lança eu busco para ler até hoje. E, mais recentemente, a Karen Soarele, pela mesma questão, conheci por causa de Tormenta, gostei do que li e fui atrás de outras obras dela.
Outro autor que eu gosto demais é o Eduardo Spohr. Ele foi um autor que quando peguei pra ler abriu muito minha mente, "A batalha do apocalipse", primeiro livro dele, passa em parte no RJ e tem uma batalha na ponte do Niterói e, como sou do Rio, ler uma história nacional de fantasia com batalhas épicas de magia aqui foi muito representativo. Todas as vezes que conversamos ele foi muito gente boa, bem acessível, nos eventos ele para e conversa,. Admiro tanto o trabalho dele quanto como pessoa.
Além desses eu gosto muito do André Gordirro que conheci a pouco tempo. Ele lançou uma trilogia chamada Lendas da Balbúrdia, uma fantasia mais clássica em questão de ser um modelo de RPG.
Raphael Draccon é outro autor que me impactou muito quando li a trilogia dele. Ele fez uma historia de fantasia que mistura contos de fadas com personagens de vídeo game e RPG e quem conhece as referências consegue perceber durante a leitura. Ele também fez uma trilogia de livros baseados em Super Sentai, aqueles grupos especiais, onde cada qual usa uniforme de uma determinada cor, utilizam um arsenal que inclui mechas, robôs gigantes e que se juntam para combater ameaças aliens, daí você pode lembrar dos power rangers que são basicamente isso. E eu achei isso muito ousado, algo tão de nicho e ele conseguiu encontrar público, admirei isso nele, de lançar o que quer sem a preocupação de seguir uma tendência. Foi algo que eu adotei para minha vida de escritor.
Eu posso destacar também o Rafael Dias que escreveu O tratado dos mil cantos e eu achei legal porque é um livro de fantasia que não se baseia na fantasia medieval europeia clássica. Ele puxa da mitologia da Mesopotâmia, achei interessantíssimo e está para sair o segundo livro. É algo bem diferente, uma mistura de fantasia, ele também essa pegada de anime e mangá, cria da Manchete, década de 90.
Conta pra gente um pouco sobre seus planos futuros?
Minha ideia para ano que vem é: começar a desenvolver um livro novo, continuação de "Desgarrados", além disso pretendo sentar e revisar contos que tenho escrito para lançá-los no decorrer do ano que vem. Tenho vontade de escrever um conto na iniciativa T20 e continuar com meu canal no Youtube, o "Falando de escrita", pois tenho achado bem divertido bater aquele papo com outros autores, conhecer pontos de vista, e poder acrescentar para meu repertório outros modelos de criar.
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